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A primeira mulher a dançar ballet publicamente: Mademoiselle Lafontaine

Atualizado: 9 de set. de 2018


Ao falar da mulher conhecida como a primeira a dançar ballet em um teatro público, falamos também do inicio da profissionalização do ballet. 

Mademoiselle De Lafontaine, também conhecida como La Fontaine, (1655-1738) foi uma bailarina francesa e é considerada a primeira dançarina profissional de ballet.  Aos vinte e seis anos, descrita como muito bonita e muito nobre, conquistou seu  lugar na Academia Real de Música, substituindo as damas da corte. Embora atrapalhada pelos trajes longos e confinantes e pela limitada técnica de ballet da época, a graça e o encanto de La Fontaine eram tais que ela passou então a ser chamada de “Rainha da Dança”.


 De Lafontaine passou a ser a bailarina líder em pelo menos dezoito outras produções na Ópera de Paris entre 1681 e 1693, incluindo Persée, Amadis, Didon e Le Temple de la Paix. Após dançar na Opéra por aproximadamente uma década, aposentou-se, e passou a viver  em um convento.  Algumas anotações relatam que ela era estéril e este fato por vezes foi usado como insulto, e pode ter sido uma das razões que impulsionou sua aposentadoria, considerando o ambiente hostil do teatro principalmente para as mulheres da época.  


A obra Le Triomphe de l’amour -  A estréia de La Fontaine

 Em português “O triunfo do amor”  -  conhecido como o ballet que marcou definitivamente a profissionalização do ballet com a despedida dos amadores de cena e muito mais, instaurou o inicio da participação feminina nos papeis principais. 

 Na percepção de Caminada (2009), o ballet Le Triomphe de l’amour que foi escrito por Isaac de Benserade (1613-1691) e Philippe Quinault (1635-1688) -  dramaturgos franceses- teve a coreografia de Beauchamps, música de Lully, figurinos de Berain e cenografia de Vigarani. Dessa forma, esse ballet foi uma grande produção que, segundo Caminada, contou a participacão de setecentas pessoas. Diversos contratempos marcaram sua estréia. Benserade, um dos criadores do ballet de corte, foi retirado da aposentadoria para criar versos em comemoração ao casamento do Dauphin a Marie-Anne-Christine-Victoire de Baviera. Depois a doença do Dauphin e a relutância de damas de corte para assistir ao ballet, adiou sua estréia por quase três meses. 



 Foi dançado em 1681 e marcou a história da dança por contar pela primeira vez com a presença de bailarinas profissionais no papel feminino encenado em teatro publico, incluindo Mademoiselle de La Fontaine - considerada a primeira bailarina profissional e conhecida por compor vários de seus próprios passos. 

 Até então a participação das mulheres restringia-se normalmente a bailes sociais e aos ballets da rainha; nos ballets do rei e espetáculos da corte, La Fontaine também, ocasionalmente, aparecia nos ballets de corte. 

 Esse cenário mudou na dedada de 80 do século VIII, por isso a data de estreia deste ballet marca o inicio da participação feminina,  até então é sabido que os papeis femininos eram dançados por jovens homens em travesti.  

Porém, segundo HOMANS(2010), o fato de mulheres dançarem, a partir de então, no palco da opera, passou quase despercebido naquela época:

 “A razão para essa diferença pode ter sido que La Fontaine apenas ilustrou o que as pessoas já sabiam: que nos anos seguintes do estabelecimento da Opera de Paris, a dança social e a dança profissional estavam se separando. Havia agora dois caminhos distintos, a corte e o palco, e eles não se misturavam tão livremente como no passado. Para mulheres, isso era um caso de "despromoção" para a promoção: quando os nobres reais começaram a desistir e os seus papéis foram ocupados por profissionais qualificados (mas socialmente baixos), as mulheres dançarinas encontraram um lugar.” 


 Assim percebe-se que a participação feminina representava, antes de tudo, a dança profissional e que esta já estava em processo de separação da dança social (praticada por amadores da corte). Por isso, apesar de, na atualidade, o inicio da participação feminina, em qualquer esfera das artes, ser de grande importância, na época em que Le Triomphe de l’amour  foi apresentado, essa participação feminina representou muito mais uma ruptura da dança de corte para a dança de palco, da dança amadora. 



referências:

http://operabaroque.fr | http://www.coreofculture.org |  The Magic of Dance - Margot Fonteyn| Apollos’s Angels - Jenniffer Homans (2010) | Métodos do Ballet Clássico. História e consolidação (2015) | "Mlle de Lafontaine". Oxford Referência |  "La Fontaine". Enciclopédia Britânica.

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